Fonte: Reprodução - Jornal de Brasília / http://www.jornaldebrasilia.com.br/cidades/complexo-de-assistencia-social-de-planaltina-e-interditado-apos-casos-de-dengue-na-unidade/

COMPLEXO DE ASSITÊNCIA SOCIAL DE PLANALTINA É INTERDITADO APÓS CASOS DE DENGUE NA UNIDADE

Ana Ferreira

ana.ferreira@jornaldebrasilia.com.br

“Descaso do governo”, assim definiu um servidor, que não quis se identificar, sobre a situação dos edifícios do complexo de assistência social de Planaltina. Desde a tarde dessa segunda-feira (27), os 60 funcionários do local suspenderam as atividades pelo perigo de contaminação do vírus. Até o momento, dez casos de dengue foram confirmados entre os servidores e usuários da unidade. No espaço, com área de aproximadamente 15.000 m², funcionam o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o Centro de Referência Especializada de Assistência Social (CREAS), o Centro e Convivência (COSE) e o Conselho Tutelar. Diariamente, o complexo atende aproximadamente 400 pessoas da região.

Os focos do mosquito Aedes Aegypti, transmissor do vírus, podem ser identificados em diversos pontos das instalações. As caixas d’água não possuem tampa e algumas das caixas de esgoto ficam expostas em meio ao pátio. Segundo os servidores, há dois anos a situação é documentada para a Secretaria Adjunta de Desenvolvimento Social (SEDESTMIDH) porém, a resposta recebida é sempre a mesma. “Quando tem a equipe para realizar o serviço, não tem o material, e vice-versa”, afirmou o Educador Social, Luís Robério.

Entre as reclamações dos funcionários, também foi mencionada a ausência de manutenção dos edifícios. A rede de esgoto está entupida e, além do local exalar um forte odor, o problema provocou a interdição do banheiro utilizado pelos usuários. Os problemas são tantos que em alguns casos os próprios servidores se organizam para solucionar as pendências.”Já tivemos problemas que foram solucionados com R$ 20, será que nossa secretaria não dispõe desse valor?”, reclamou uma funcionária. O educador de esporte e lazer, Vinicius Resende, 35 anos, afirmou que, apesar da boa vontade dos servidores, é dever do GDF fazer os reparos na unidade. “Quando a população ou o servidor começa a cumprir esse papel, você desonera o Estado da sua obrigação. Se essa manutenção ocorresse no período correto, não teríamos esses problemas.”, ressaltou.

A última inspeção realizada pela equipe de Vigilância Ambiental, no dia 21 deste mês, registrou quatro focos do mosquito em canaletas na entrada do local. Também foram localizadas larvas em uma caixa de esgoto que estava com a tampa aberta. A equipe recomendou a limpeza e o conserto da rede, bem como a poda das árvores que podem acumular água parada, a retirada de todo o lixo e entulho acumulado, a vedação da caixa d’água e ainda outras providências para o local.

Providências em andamento

Nesta quarta (29), os servidores estiveram em reunião com a SEDESTMIDH e o Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do DF (SINDSASC) na tentativa de encontrar soluções para o caso. Segundo o Diretor Financeiro do sindicato, Andrei Victor Martos Nunes, a administração garantiu que é prioridade solucionar as questões apontadas para que o atendimento na unidade possa ser retomado. “As atividades continuam suspensas e só serão retomadas após a nova vistoria. O subsecretário de Administração Geral se comprometeu a agendar novas reuniões para tratar de outros pontos que afetam a unidade”, contou.

Durante a visita ao local, o subsecretário de Administração Geral, Rossi Araújo, reconheceu que o complexo é antigo e que requer cuidados. “Vamos cumprir as recomendações determinadas pela Vigilância. Esta unidade é da década de 70 e necessita de constantes melhorias corretivas e preventivas. Na questão da dengue, especificamente, é necessário um cuidado diário para que o mosquito não se prolifere”, disse.

Rossi afirmou que algumas das recomendações solicitadas pela Vigilância Ambiental foram cumpridas e que, por conta da demanda de serviços, a empresa prestadora não pôde atender as solicitações de imediato. “Temos na secretaria aproximadamente 180 unidades. Diversas destas instalações foram priorizadas na manutenção pois tinham laudos emergenciais das equipes de Vigilância e do Corpo de Bombeiros. A empresa não tem condições de operar simultaneamente em todas as unidades”, explicou.

O subsecretário ressaltou que irá solicitar a visita da Novacap ao local para que seja analisada a questão da poda das árvores e que, após a finalização dos serviços, a equipe de Vigilância será convocada para uma nova avaliação.

“Até a próxima sexta (1º), a limpeza e retirada de entulhos será concluída, assim como o extermínio dos focos de dengue no local e a desobstrução total da rede de esgoto. Isso fará com que os banheiros sejam liberados e, a depender da avaliação sobre as condições de trabalho, as atividades sejam retomadas”, avaliou.

População sem atendimento

Com a suspensão das atividades, parte da população que faz uso dos serviços ofertados pelo complexo está impedida de comparecer ao local. Ivany Antônio da Cunha, de 56 anos, foi umas das usuárias que deixou de receber o atendimento. Ela procurou a unidade para resolver assuntos relacionado ao Programa Bolsa Família, mas, ao chegar ao local, encontrou o portão fechado. “É um absurdo, pois nós precisamos do serviço. Se os servidores não têm condições de trabalhar, o governo precisa tomar providências. São serviços para a população, acabamos ficando prejudicados”, disse a dona de casa.

O casal Davi Carlos Cassimiro, 58 anos, e Susana Basano, 56, também perderam a viagem após ir ao local. Os moradores do Núcleo Rural Tabatinga chegaram por volta das 11h e, sem saber da interdição, encontraram a unidade fechada. “Moramos longe e viemos de carona para nada. Se estamos aqui é porque precisamos. A capital do País deveria ser exemplo, mas não é isso o que percebemos”, desabafou a mulher.

Foto: Renato de Oliveira

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